O cenário é o Free Jazz 2001, palco New Directions/SP, show do Marlon Jordan. Quando iniciamos o sound check da banda, recebi um “topo” quando perguntei ao Antoine Midani que mixava a house, se talvez trabalharíamos com o piano acústico aberto, sendo que na noite anterior no Rio de Janeiro o mesmo trabalhou fechado…
Ok, piano aberto meia tampa, dois mics C414 dentro e só restava perguntar ao músico de Marlon se poderíamos fazer o show daquela maneira. Quando a banda chegou para a passagem de som, não só fomos autorizados a abrir o piano, mas também a abri-lo totalmente e contemplar o sorriso explicitamente agradecido do pianista (lembrem-se que qualquer alteração num stage nunca deve ser feita sem a devida autorização dos músicos ou do artista…posturinha básica!).
Com o piano aberto e checado havia mais um detalhe; o baixista não queria nem passar perto de um DI no baixo, queria apenas o microfone! O que fiz; abri o baixo acústico no side pra que algum sinal ficasse entre o instrumento e a volta do PA não criando aquele desconforto no palco, já que não teríamos nenhum amplificador no instrumento. Como o trio baixo/piano/bateria estava muito próximo e o vazamento dos pratos e da bateria no mic do baixo era muito grande, o que fazer?… Enfim, precisei trabalhar como nunca na equalização do microfone do baixo para que o vazamento soasse comodamente no stage. Acreditem de verdade, o do som dos pratos e da bateria no microfone do baixo acústico ficou espetacular nos sides e a mixagem dos monitores tomou outro rumo, com absolutamente todos os mics abertos no stage, e o principal, nada atrapalhando a mix do Antoine!!!
Enfim, detalhes resolvidos chegou a hora do trumpete do Marlon. Com o piano aberto total, microfone do baixo num volume considerável (com muito critério, mas consideravelmente alto) e bateria com apenas kick, snare e dois overs, era muito interessante o resultado, pois onde o cara tocasse o seu trumpete, de alguma maneira ele estava na mix (principalmente nos momentos que já estamos acostumados a ver, onde o músico toca fora do seu microfone, perto do piano pra dar uma descontraída…). Para ser sincero, nunca trabalhei tanto nos vazamentos como nesse show…
Mesmo levando-se em conta a altíssima qualidade dos monitores, consoles e microfones do equipamento utilizado no Free Jazz, se essa maneira de ambientar um quarteto fosse discutida num curso de áudio ou numa palestra, além parecer coisa de maluco (aliás, quem disse que engenheiro de monitor é um ser humano normal???), eu iria com certeza perder meu brevê e seria proibido de voar nos stages…hahahaha. Mas que foi um grande barato foi!!!…
Até o próximo…
Salve Salve meu amigo Paulo!!!
Que bom ter alguem prá falar de alguma coisa importante por aqui…
principalmente para as pessoas que ainda não está nesse nível!!!
Continue assim queridão!!!
abrsss!!!!
Olá Paulo.
Estava vendo o debate de vcs ontem no Gigplace TV, quando vc falou desta mix. Achei formidável. Acho que precisamos soltar um pouco as amarras e nos permitirmos alguma criatividade. Show de bola. Parabéns!
[]’s